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Invocando o espírito de Charlie: um exorcista nos alerta para não brincar com fogo!


Charlie Charlie


O "Charlie Charlie challenge" (“Desafio do Charlie Charlie”) precisou de poucas horas para se tornar uma febre entre os jovens de todo o mundo e se transformar em um fenômeno viral no Twitter, no Facebook, no WhatsApp e em outras mídias sociais. Basicamente, trata-se de invocar a presença de um espírito chamado "Charlie" para consultá-lo sobre o futuro. Usa-se uma folha de papel, na qual estão escritas as palavras "sim" e "não", e dois lápis posicionados em forma de cruz no centro da folha. Quando se faz uma pergunta, como "Charlie, Charlie, vou passar na prova?", o espírito se manifesta movendo a ponta do lápis para o "sim" ou para o "não".

Têm sido apresentadas diversas explicações possíveis para o fenômeno: a força da gravidade, o vento, a força da sugestão. O fato, no entanto, é que parece não haver truques, nem vento, nem ímãs sob a mesa, nem fios transparentes, nem ilusões de ótica. Além disso, a enorme quantidade de vídeos amadores publicados na internet em dezenas e dezenas de países torna difícil pensar que todo o mundo esteja fazendo, em poucas horas e ao mesmo tempo, ótimos trabalhos de edição digital.

Jogo ou ritual ocultista?

Aparentemente, o “Charlie Charlie challenge” é um simples passatempo para curiosos interessados numa prévia do futuro. O jogo, porém, incursiona no âmbito misterioso do ocultismo e flerta de fato com o sobrenatural e imprevisível. Os vídeos postados na internet mostram jovens que, ao verem o lápis se movendo sozinho, saem gritando aterrorizados. O fato é que o ritual, que parece simplório, consiste em evocar um espírito misterioso, que, uma vez chamado, estabelece uma relação com os participantes. E não é nada claro se essa relação se encerrará de maneira feliz e fácil.

Fenômeno de mídia

Os jornais norte-americanos abriram grandes e destacados espaços para o "Charlie Charlie challenge" – o fenômeno surgiu justamente nos Estados Unidos. Veículos de mídia de amplíssimo alcance, como o Huffington Post, o Washington Post, a BBC e outras respeitáveis agências de notícias ​​o descreveram com detalhadas “instruções de uso”. É compreensível que os jornais se comportem como redes sociais nesta época de caça selvagem aos cliques dos internautas, mas, ao divulgar uma prática ocultista sem qualquer crítica ou análise das possíveis consequências, eles contribuem e incentivam a disseminação de um ritual que brinca com fogo.

A origem do ritual: o México não está envolvido

Chegou-se a dizer que as raízes deste ritual estão numa antiga tradição mexicana relacionada com um demônio chamado Charlie, mas esta tese parece infundada. María Elena Navez, correspondente mexicana da BBC, desmentiu a ligação entre Charlie e a mitologia mexicana, em cujas histórias não há nenhum demônio chamado "Carlitos" (Charlie em espanhol). As divindades dos povos ancestrais mexicanos têm nomes astecas ou maias como Tlaltecuhtli ou Tezcatlipoca. Nada a ver com Carlitos.

É mais provável que o rito tenha derivado do "juego de las lapiceras", relativamente comum em países da América do Sul e conhecido pejorativamente como “a Ouija dos pobres”. O propósito do "jogo das canetas" é o mesmo do “desafio Charlie Charlie”: obter respostas do além sobre o futuro; o rito também é igual; desta vez, porém, o espírito invocado tem nome próprio. E a origem desse nome ainda é desconhecida.

A hipótese Charlie Hebdo

Houve também quem achasse curioso o retorno do nome “Charlie” às manchetes de todo o mundo poucos meses depois dos atentados de janeiro contra a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris. O ato terrorista de ressonância mundial levou às ruas o lema "Je suis Charlie", como gesto de solidariedade para com as vítimas. A imagem do lápis ou da caneta, como símbolo da liberdade de expressão dos cartunistas satíricos, também se tornou o ícone daquela manifestação mundial de solidariedade. A relação entre lápis ou canetas com um espírito chamado Charlie é, de fato, curiosa, mas não há clareza alguma sobre a vinculação entre o jogo ocultista e o fenômeno de massas que correu o mundo em janeiro.


O aviso de um jovem sacerdote

A propagação do rito ocultista entre os jovens norte-americanos é alarmante: desde 24 de maio, a hashtag #charliecharliechallenge foi repetida no Twitter por milhões de pessoas em questão de horas. Foi essa difusão massiva que levou o padre Stephen McCarthy, capelão do colégio católico Saints Neumann and Goretti, da Filadélfia, a escrever uma carta de alerta aos seus alunos:



"Soube que circula na internet um jogo muito perigoso que encoraja abertamente os jovens mais sensíveis a invocarem demônios. Gostaria de lembrar a todos vocês que não existe nenhuma forma de ‘brincar inocentemente com os demônios’. Por favor, tomem o cuidado de não participar e incentivem as outras pessoas a também evitarem essa prática ocultista. Eu entendo que ela desperte curiosidade, mas toda abertura às atividades dos demônios é uma janela de oportunidade que não vai ser fácil de fechar. Se vocês querem uma experiência espiritual, posso lhes recomendar a missa ou o rosário? Garanto que vocês vão achar essas alternativas mais seguras e gratificantes. Obrigado pela sua cooperação nesta questão tão importante e delicada. Que Deus nos abençoe e nos proteja, com a ajuda do nosso anjo da guarda!".


O alerta de um exorcista

Várias vezes, em seus muitos livros e entrevistas, o sacerdote exorcista italiano Gabriele Amorth alertou sobre a gravidade e o perigo dos rituais de ocultismo e invocação de espíritos, “uma prática em forte expansão”. Há muita gente que, movida pela curiosidade ou pelo desejo de conhecer eventos passados ​​ou futuros, vai à procura de modos de evocar as almas dos mortos através de médiuns e sessões espíritas. Segundo o padre Amorth, este fenômeno diretamente relacionado com a crise de fé envolve riscos de duas naturezas: além dos perigos de natureza humana, como os traumas psicológicos (ansiedade, estresse, apreensão, hipersensibilidade às realidades espirituais...), correm-se grandes riscos de natureza espiritual devidos à intervenção do diabo, desde "distúrbios maléficos" até a própria "possessão demoníaca". Amorth já denunciou muitas vezes a falta de uma formação adequada a este respeito inclusive por parte de padres e bispos, que têm a responsabilidade de instruir os jovens sobre os perigos dessas práticas e convidá-los a considerar com clareza a sua gravidade.

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